O Dia Internacional da Mulher foi oficialmente estabelecido pelas Nações Unidas na década de 1970 como um dia para simbolizar a luta histórica das mulheres pela igualdade de condições com os homens. E dentro da educação, tivemos mulheres brasileiras que revolucionaram a área, você já as conhece? *Por Juana Cunha
Originalmente, a data referia-se à exigência de salário igual para as mulheres. Nos dias de hoje, o significado e a relevância histórica e social da data se ampliaram, simbolizando, além da luta pela igualdade salarial, a luta pela violência de gênero, por exemplo.
DIA INTERNACIONAL DA MULHER: POR QUE O DIA 8 DE MARÇO?
Em 8 de março de 1917, houve uma manifestação na Rússia, por parte das mulheres trabalhadoras (tecelãs e costureiras) da indústria têxtil, pois queriam igualdade salarial, dentre outros direitos que eram dados apenas aos homens. Essas mulheres se juntaram à indústria metalúrgica para o ato e Março foi o mês escolhido para a homenagem, criando assim o Dia Internacional da Mulher. No entanto, as lutas das mulheres por salários iguais são reivindicadas há décadas.
E QUAL REFLEXÃO PODEMOS TIRAR DISSO?
O Dia Internacional da Mulher não é apenas um dia dedicado a homenagear as mulheres, mas também um convite para refletir sobre como nossa sociedade as trata.
Essa reflexão se aplica tanto aos domínios afetivos, familiares e de interação social, quanto às questões relacionadas ao mercado de trabalho. Diversas pesquisas apontam que as mulheres recebem 19% a menos que os homens em seus salários, e muitas vezes quando voltam de licença maternidade são demitidas, por “causarem prejuízo” financeiro à empresa.
MULHERES BRASILEIRAS PROTAGONISTAS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO:
1- Anália Emília Franco (1853 – 1919)
Considerada como “Grande Dama da Educação Brasileira”, Anália, alugou uma casa para fazer de escola, pagando metade do seu próprio salário para mantê-la. Ela escreveu vários livros didáticos e também criou 71 escolas, além de abrigos para órfãos, entre outras instituições sociais.
2- Bertha Maria Júlia Lutz (1894 – 1976)
Bertha Lutz foi uma das maiores feministas brasileiras, determinante para o movimento de igualdade de gênero no país. Em 1919, candidatou-se a um cargo público no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, mas teve sua inscrição negada por ser mulher.
Então, ela fez um apelo à Justiça e pôde fazer o concurso, sendo aprovada em primeiro lugar. Trabalhou lá como professora por mais de 40 anos.Strabalho político foi tão importante que ela se tornou uma das quatro mulheres escolhidas entre 850 pessoas para participar da redação da Carta das Nações Unidas.
3- Débora Seabra de Moura (1982 – )
Débora foi a primeira professora com Síndrome de Down no país. Ela foi homenageada no convite da formatura pela luta em prol da inclusão social. Durante seus anos na educação sofreu diversos tipos de preconceitos e exclusões sociais.
Posteriormente, Débora ainda fez estágios e cursos à distância para professores. Chegou até a ser homenageada pelo projeto “Donas da Rua da História”, da Maurício de Sousa Produções, quando se transformou em um personagem com os traços da Turma da Mônica.
4- Êda Luiz (1948 – )
Êda foi diretora do Cieja Campo Limpo, escola de Educação Integrada de Jovens e Adultos, durante 20 anos, e transformou-a em um modelo de educação inovadora e inclusiva. No Cieja podem frequentar alunos com a partir de 15 anos de idade, que tenham tido seus estudos interrompidos, ou os que precisam trabalhar em determinado horário e não conseguem se dedicar aos estudos.
Essa iniciativa de Êda inclusive, levou ao reconhecimento de Escola de Educação Transformadora para o Século XXI, no ano de 2017, pela UNESCO, sendo uma das duas únicas escolas a receber o título no Brasil.
5- Dorina de Gouvêa Nowill (1919 – 2010)
Dorina perdeu a visão aos 17 anos de idade por conta de uma doença não diagnosticada, e se tornou a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, além disso conseguiu a integração de outra menina cega em um curso regular na mesma escola.
Ela criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, em 1946. Em 1948, a Fundação recebeu uma imprensa braile completa, com maquinários, papel e outros materiais para produzir livros.
Ela também colaborou para a elaboração da lei de integração escolar regulamentada em 1956, e dirigiu a Campanha Nacional de Educação de Cegos do MEC de 1961 a 1973. Também foi presidente do Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos, hoje União Mundial de Cegos.
O QUE PODEMOS APRENDER COM ESSAS MULHERES?
Que o Dia Internacional da Mulher nos faz ver que por trás de grandes feitos e de grandes descobertas. Existem lutas por grandes mulheres, que precisam de espaço para falar e serem ouvidas. E para nossas leitoras mulheres, fica aqui nossa singela homenagem à todas: “Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância.” – Simone de Beauvoir
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