A procura por profissionais qualificados é um dos grandes desafios que o mercado de tecnologia enfrenta, como superar esses desafios em um mercado em alta transformação?
Os desafios do mercado de tecnologia
Nos últimos anos, testemunhamos uma transformação sem precedentes no mercado de tecnologia, junto com essas transformações surgiu uma necessidade ainda maior por profissionais especializados nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), incluindo os especialistas em Sistemas de Informação Geográfica (GIS). A demanda por esses profissionais tem superado em muito a oferta, criando um vácuo no mercado de trabalho que as atuais instituições de ensino e métodos de capacitação estão lutando para preencher.
No contexto do nosso Brasil, a situação é particularmente alarmante. Estimativas indicam que até 2025, o Brasil enfrentará uma escassez de 530 mil profissionais de tecnologia.
Esse déficit no mercado de trabalho não é apenas um reflexo da aceleração digital, mas também destaca uma disparidade entre a oferta e a demanda de talentos qualificados no setor. As instituições educacionais, embora fundamentais na formação teórica e conceitual, muitas vezes se encontram em uma corrida para acompanhar as inovações tecnológicas rápidas e aplicá-las de maneira prática em seus currículos.
Além disso, a competição global por talentos tecnológicos exacerbou essa escassez, com profissionais altamente qualificados muitas vezes optando por oportunidades em países com economias mais fortes. A mobilidade dos profissionais altamente qualificados para economias mais fortes agrava ainda mais a escassez local de mão de obra especializada, deixando um vazio ainda maior no mercado local.
Os “vazios” na formação e capacitação dos profissionais de tecnologia
Quando mencionamos esses “vazios” estamos nos referindo as lacunas entre a formação acadêmica e as exigências do mercado, a capacitação corporativa e as necessidades de inovação futura.
Vamos apresentar para você, os “vazios” que identificamos ao decorrer dos mais de 20 anos de experiência nas áreas de ensino superior, consultoria de análise espacial em diversos mercados e como operadores do centro de treinamento de ArcGIS e parceiros de negócios da Esri no Brasil.
Vazio na Formação Acadêmica: Não podemos descartar a importância das instituições de ensino superior na formação teórica de futuros profissionais. No entanto, muitas vezes, elas não conseguem acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas, resultando em uma divergência entre os currículos acadêmicos e as habilidades práticas exigidas pelo mercado. Este vazio é agravado pela lentidão na atualização de currículos, pela falta de experiência prática dos professores com as tecnologias atuais e pela infraestrutura obsoleta disponível para os alunos.
Vazio Corporativo: Enquanto os problemas com a atualização dos currículos acadêmicos, as empresas enfrentam seu próprio conjunto de desafios na atração, desenvolvimento e retenção de talentos qualificados. Mais de 60% das organizações relatam dificuldades em encontrar profissionais que combinem habilidades técnicas avançadas com competências interpessoais. Esse vazio é ampliado pela rápida evolução das necessidades tecnológicas, que muitas vezes superam a velocidade com que os profissionais podem ser treinados ou reciclados.
Vazio do Futuro: A lacuna entre as empresas e o restante do ecossistema de formação profissional é talvez o mais desafiador. As organizações, como a Esri no setor de GIS, estão constantemente avançando em pesquisa e desenvolvimento, criando uma dinâmica em que o restante do mercado luta para acompanhar. Este vazio cria um futuro incerto que demanda uma forma de trabalho ainda mais adaptável e versátil.
Como abordagens integradas podem fechar essas lacunas
Diante do que apresentamos até o momento existem estratégias que podem ser adotadas que envolvam todas as partes interessadas do ecossistema para preenchermos esses espaços. Estas estratégias devem ser direcionadas não apenas para resolver as lacunas existentes, mas também para antecipar e preparar o terreno para futuras inovações e demandas do mercado.
Colaboração entre Educação e Indústria: Uma parceria mais forte entre instituições de ensino e empresas é fundamental. Isso pode incluir programas co-op, onde os estudantes alternam períodos de estudo com trabalho prático em empresas, que oferecem uma momento de mão na massa valioso para preparar os estudantes para às realidades do mercado.
Desenvolvimento Profissional Contínuo: As empresas devem investir em programas de treinamentos e desenvolvimento para seus colaboradores, enfatizando não apenas as habilidades técnicas, mas também as competências interpessoais. O desenvolvimento de carreiras híbridas, pode aprimorar a capacidade da força de trabalho de responder a desafios complexos e multifacetados.
Promover o Lifelong Learning: Encorajar uma cultura de aprendizado contínuo é garantir que os profissionais permaneçam relevantes em suas áreas. Isso pode ser alcançado através de plataformas de aprendizado online, workshops, conferências e com a boa e indispensável prática.
A reflexão
À medida que avançamos por essa nova era das tecnologias inovadoras, muitos dos desafios técnicos que enfrentamos estão a caminho de serem superados, abrindo novos horizontes. No entanto, surge um desafio mais persistente e crescente: a necessidade de profissionais qualificados, dotados de conhecimento aprofundado e experiência prática, capazes de se adaptar com flexibilidade às mudanças rápidas e imprevisíveis do setor tecnológico.
Fica o alerta: sem uma abordagem proativa para resolver a escassez de talentos habilitados, corremos o risco de enfrentar obstáculos que podem retardar o progresso em vários setores produtivos, especialmente no campo da tecnologia. A lacuna entre as habilidades disponíveis e as necessidades do mercado de trabalho não é apenas um problema para os empregadores, mas um desafio para a economia global e o avanço da inovação.